segunda-feira, 18 de maio de 2009



Biofertilizante

O biofertilizante se destaca por sere de alta atividade microbiana e bioativa e
atuam nutricionalmente sobre o metabolismo vegetal e na ciclagem de nutrientes no
solo, sendo de baixo custo e podendo ser fabricados pelo produtor rural
(CHABOUSSOU, 1985), o qual nada mais é do que um adubo orgânico líquido,
resultante da decomposição da matéria orgânica (animal ou vegetal), por meio de
fermentação em meio líquido. O resíduo líquido é utilizado com adubo foliar
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(biofertilizante), enquanto o resíduo sólido é aplicado como adubo orgânico. Além de
fonte nutritiva, pode ser utilizado como defensivo natural, uma vez que é meio de
crescimento de bactérias benéficas à planta (BETTIOL et al., 1997).
Os biofertilizantes são ricos em metabólitos (micro e macromoléculas) tais
como: enzimas, antibióticos, vitaminas, toxinas, fenóis e outros voláteis, ésteres e
ácidos, inclusive de ação fito-hormonal (SANTOS, 1996). Para Martins (2000),
etimologicamente biofertilizante quer dizer fertilizante vivo, isso porque o resíduo da
produção de biogás pela fermentação anaeróbica, independente de líquido ou sólido,
contém microorganismos e tem como característica principal, a presença de
microorganismos, responsáveis pela decomposição da matéria orgânica, produção
de gás e liberação de metabólitos, entre eles antibióticos e hormônios (BETTIOL et
al., 1998).
O aproveitamento dos resíduos orgânicos de origem animal, especialmente
do esterco de bovinos, como fertilizantes, é um assunto relativamente pouco
estudado no Brasil. Existem dúvidas, principalmente quanto às características físicas
e químicas do esterco, bem como com relação às quantidades aplicar nas culturas
para a obtenção de rendimentos satisfatórios, seja através do seu uso exclusivo
como fertilizante ou associado à adubação mineral (BARCELLLOS, 1991).
O biofertilizante produzido da fermentação anaeróbica de esterco de vaca,
quando aplicado entre 10 e 30% por via foliar, apresenta efeitos nutricionais
consideráveis, inclusive aumento da área foliar em diversas culturas. Em frutas, a
aplicação via foliar do biofertilizante a 20% aumentou o vigor e a produção de citros e
de maracujá (BETTIOL et al., 1998).
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Em hortaliças, Santos (1991 a/b) verificaram que mudas de tomate e de
pepino pulverizadas com biofertilizante, apresentaram maior vigor. Já segundo
Pineiro e Barreto (2000) o uso de biofertilizante na concentração de 5%, além de
fornecer nutrientes, adiciona ao solo metabólitos intermediários como enzimas,
vitaminas e hormônios de crescimento, o que favorece a disponibilidade de
elementos essenciais, pela ação de microorganismos.
Em hortaliças pulverizações de um biofertilizante líquido de fermentação
aeróbica, produzido à base do composto orgânico Microgeo®, em concentrações de
0,5 a 1%, manejada com uso concomitante da rocha moída MB-4® (mistura de
micaxisto e serpentinita) e esterco bovino sobre o solo, têm produzido resultados
significativos na sanidade e na produção de pepino, berinjela, tomate, alface e
pimentão, tanto em estufas como em condições de campo aberto (MEDEIROS et al.,
2000) Na produção de mudas de tomate e de pepino, Santos (1991 a/b), verificaram
maior vigor, naquelas pulverizadas com biofertilizantes.
No solo, segundo Oliveira et al. (1986), a aplicação do biofertilizante promove
a melhoria das propriedades físicas tornando os solos mais soltos, com menor
densidade aparente e estimula as atividades biológicas. Geralmente reduz a acidez
do solo com a utilização continuada ao longo do tempo e o enriquece quimicamente.
Essa relação se deve à sua capacidade de cargas negativas (GALBIATTI et al.,
1996) Nesse sentido, aumentos nos teoes de P, Ca, Mg e K no solo foam
observados por Olieira et al. (1986) e Vargas (1990).
Na sua composição além de N, P e K é detectada também concentração
considerável de micronutrientes como boro, cobre, cloro, ferro, molibidênio,
manganês e zinco (OLIVEIRA e ESTRELA, 1984).
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Testes realizados in vivo comprovaram que o biofertilizante líquido, quando
aplicado puro, é um excelente nematicida e larvicida, agindo de maneira fumigante e
asfixiante quando em contato com nematóides e larvas existentes em solos muito
contaminados (VAIRO e AKIBA, 1996). Nesse sentido, Vairo et al (1992 a, b),
utilizando biofertilizante líquido em condição de laboratório, verificaram inibição da
germinação de esporos de fungos fitopatogênicos como Colletrotrichum
gloesporioides, Thielaviopsis paradoxa, Penicillium digitatum, Rhizopus sp,
Cladosporium sp e Fusarium. Castro et al. (1991) verificaram o controle de T.
paradoxa em toletes de cana e Gadelha et al. (1992) obtiveram o controle da
fusariose em abacaxizeiro.
O biofertilizante possui também ação bactericida e inseticida, quando usado
previamente em pulverizações foliares ou no solo e em condições controladas, reduz
as concentrações de bactérias patogênicas desde que sejam inferiores a 105
células/ml (VAIRO et al., 1993 a/b). Com relação a redução de insetos-praga
segundo Vairo e Akiba (1996), atua confundindo o olfato do inseto, aderindo-se à
folha por ação de uma substância coloidal que é adesiva e por outro tipo de ação
que é a desidratação dos insetos.

Fertilização orgânica

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Atualmente tem-se questionado a utilização de fertilizantes inorgânicos e
agrotóxicos na produção de diversas culturas, uma prática que teve seu início com a
difusão dos ideais de Liebig de que o aumento da produção agrícola seria
diretamente proporcional à quantidade de substâncias químicas incorporadas ao
solo. Por esse motivo, é considerado o maior precursor da "agroquímica". A teoria de
Liebig estava fundamentada em comprovações científicas o que deu maior
credibilidade, e facilitou a disseminação de suas idéias (EHLERS, 1996).
No início dos anos 70 a oposição em relação ao padrão produtivo agrícola
convencional concentrava-se em torno de um amplo conjunto de propostas
"alternativas", movimento que ficou conhecido como "agricultura alternativa". Então,
a partir da constatação dos problemas ocasionados pelo cultivo agroquímico, deu-se
início ao incentivo a uma agricultura baseada na produção de alimentos mais
saudáveis sem nenhum tipo de agrotóxicos, a qual é denominada agricultura
orgânica (DAROLT, 2002).
Se a agricultura tem sua parcela de culpa na contaminação do planeta, essa
culpa está muito mais relacionada ao fato de que a agricultura consome produtos
contaminantes, maior do que os produz, portanto tanto consumidores quanto
produtores, têm se preocupado em buscar alternativas que viabilizem uma produção
que resgate os objetivos principais da atividade agrícola. Dessa forma, observa-se
na sociedade atual uma relação cada vez mais forte e mais freqüente entre
alimentação e saúde (MEIRELLES, 1997).
Dentro da linha da agricultura orgânica, destaca-se o uso da matéria orgânica
tanto por meio da sua incorporação ao solo como a sua transformação para o uso
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posterior, como é do biofertilizante, em pulverizações foliares ou aplicações diretas
no solo (BETTIOL, 1997).
O uso de matéria orgânica no solo como fontes de nutrientes para as plantas
tem aspectos positivos na qualidade do produto colhido, e do solo, uma vez que sua
incorporação, em especial esterco, nos solos tem demonstrado ser uma prática
viável no incremento da produtividade. A matéria orgânica desencadeia efeitos
globais no que diz respeito à melhoria físico-química e biológica das plantas
(NORONHA, 2000), contribuindo para o crescimento e desenvolvimento das plantas;
aumenta a capacidade de infiltração e retenção de água, a granulação, a
estruturação e protege a superfície contra a formação de crostas impermeáveis,
conferindo ao solo condições favoráveis de arejamento e friabilidade. Além disso, é
responsável, em grande parte, pela capacidade de troca de cátions (KIEHL, 1985).

Matéria orgânica

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A matéria orgânica ou adubo orgânico é todo ponto proveniente de corpos
organizados, de qualquer resíduo de origem vegetal, animal, urbano ou industrial,
composto de carbono desagradável, ou ainda toda a substancia, morta no solo
proveniente de plantas, microorganismos, excreções animais quer da meso ou
microfauna (PRIMAVESI, 1990).
Os adubos orgânicos são considerados fertilizantes de baixo teor de
nutrientes, contendo apenas dez ou vinte por cento dos nutrientes encontrados nos
fertilizantes químicos existentes. No entanto, têm efeito de amplo espectro, agindo
nos mecanismos físicos e biológicos da terra (YAMADA, 1995), e exercendo
importância para agricultura, uma vez que, quando devidamente mineralizados
melhoram as condições físicas, químicas e biológicas do solo (JORGE,1983).
O cultivo de hortaliças com adubação orgânica no Brasil tem aumentado
graças, principalmente, aos elevados custos dos adubos minerais, e aos benefícios
da matéria orgânica em solos intensamente cultivados com métodos convencionais
(RODRIGUES, 1990). Das fontes de matéria orgânica, o esterco bovino ou de curral,
é considerado um dos poucos com maior potencial como fertilizante. Contudo, ainda
se tem uma deficiência na obtenção de dados no que diz respeito às quantidades
que devem ser utilizadas para se obter rendimentos satisfatórios (NORONHA, 2000).
O esterco de curral é o subproduto da excreção de bovinos, que exerce
importância para a agricultura, uma vez que quando devidamente mineralizado
melhora as condições físicas, químicas e biológicas do solo (JORGE, 1983). A
utilização desse material como adubo, vem se observando desde a antigüidade com
a finalidade de melhorar a estruturação do solo, sendo que o mais remoto registro
vem do Oriente e refere-se aos chineses (KIEHL, 1985; NOBREGA, 1991).
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Na produção de hortaliças, têm-se observado efeito benéfico da adubação
orgânica, sobre a produtividade e qualidade dos produtos, quando comparada à
adubação exclusivamente mineral, sendo o esterco de curral a fonte de adubo
orgânico mais utilizado pelos oleicultores (FILGUEIRA, 2000). Isso porque, no solo
exerce múltiplas ações diretas e indiretas. O seu efeito direto está relacionado com a
presença de todos os elementos essenciais em quantidades pequenas, mas
significativas em vista de grandes doses que são usadas, enquanto o seu efeito
indireto relaciona-se com as melhorias estruturais do solo (MALAVOLTA, 1981).
Em algumas hortaliças cujas partes comerciais são compostas por raízes e
tubérculos, alguns autores verificaram efeitos positivos do emprego da adubação
orgânica. No município de Mossoró-RN, Pedrosa (1986) testando o efluente do
esterco bovino em dose de 50 t ha-1, observou acréscimo sobre a altura das plantas,
percentagem de plantas comerciais e produção comercial e total de cenoura. Já
Praxedes (2000) em estudos com relação a cenoura foram observados maiores
incrementos na produção nos tratamentos que receberam esterco bovino e esterco
mais biofertilizante produzindo, respectivamente, 22,0 e 20,3 toneladas.
Em batata, Melo e Almeida (1984), Portela et al. (1984) e Targino (2002),
verificaram aumento de produção em função do emprego de esterco bovino, sendo
tal fato, atribuído a melhoria da estrutura do solo, aumento da CTC e maior
capacidade de retenção de umidade pelo solo (FONTES, 1987). Em rabanete,
Santos et al. (1999) observaram incremento na produção de massa seca tanto da
parte aérea como do sistema radicular, em função do emprego de composto
orgânico. Em alho, Magalhães et al. (1986) analisando a aplicação de doses de
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composto orgânico, verificaram um aumento de 13,47% na produção de bulbos
quando utilizavam doses elevadas de composto orgânico (acima de 40 t ha-1).
Pesquisas relacionadas à adubação nitrogenada realizadas por Scheeider (1983), na
forma de esterco bovino e de sulfato de amônia, concluíram que esse tipo de
adubação promoveu aumento expressivo no peso médio de alface. Já Rodrigues
(1990), observou que 38,44 t ha-1 de esterco bovino, na ausência de adubação
mineral, supriu adequadamente as plantas da alface em nitrogênio.
Quanto aos efeitos do emprego de matéria orgânica na batata-doce, Freitas et
al. (1999) observaram resposta positiva a aplicação de doses de composto orgânico
sobre o incremento na produção de raízes. Hollanda (1990) observou produção de
raízes com máxima eficiência econômica, com aplicação de 40 t ha-1 de esterco de
curral, confirmando resultados de Filgueira (2000).
Analisando a utilização de esterco bovino e palha seca de cana-de-açúcar,
Andrade e Veiga (2001) verificaram um aumento da produtividade da batata-doce,
nos tratamentos de manejo do cultivo com adubação orgânica com esterco bovino, já
em relação a palha seca de cana-de-açúcar observaram uma diminuição da
produtividade quando adicionada ao manejo de cultivo de batata-doce.

Adubação orgânica em milho

A cultura do milho é a mais difundida no Brasil, integrante do grupo dos maiores produtores mundiais, sendo superado apenas pelos Estados Unidos e pela China. No entanto, a produtividade média brasileira é muito baixa em relação à dos países mais desenvolvidos, segundo as últimas projeções fornecidas pelo AGRIANUAL (1999) : 2600 kg. ha-1. Logicamente, no Brasil existem produtores que atingem patamares de produtividade equivalentes àqueles obtidos pelos americanos. Entretanto, a existência de grande número de pequenos produtores com economia de subsistência, emprego de baixa tecnologia e do mínimo de recursos, promove acentuada queda na produtividade nacional. Além disso, grande parcela da área destinada ao plantio do milho é composta de solos já depauperados por uma agricultura descompromissada com a conservação do agroecossistema.
Os preços dos fertilizantes químicos, notadamente derivados do petróleo, geram grande evasão de recursos financeiros da propriedade rural. Por isso, fontes alternativas de adubação, principalmente orgânica, têm despertado o interesse, tanto dos produtores quanto dos pesquisadores, nos últimos anos.
Adubos orgânicos
O adubo orgânico, aplicado por vários anos consecutivos, proporciona efeito residual por longo tempo, o que causa estabilidade na disponibilidade de nutrientes para as culturas, em relação à adubação mineral.
A adubação orgânica é de uso restrito em grandes culturas por gerar grandes problemas de execução, principalmente com relação à quantidade e à forma de aplicação ao solo. Entretanto, os resíduos orgânicos podem nutrir equilibradamente as plantas, proporcionando também melhor condicionamento do solo, tornando-o, a longo prazo, menos propenso aos efeitos depauperantes do cultivo intensivo.
Portanto, a utilização de composto orgânico, obtido pela combinação da palhada retirada das lavouras com o esterco de animais (bovinos, suínos e aves), poderia tornar-se prática útil para os pequenos produtores, contribuindo para a melhoria da fertilidade e conservação do solo e maior aproveitamento dos recursos existentes na propriedade.
Para os pequenos produtores o cultivo de produtos alimentícios é opção muito importante; por isso, a introdução de tecnologias alternativas que aumentam a produtividade do milho sem aumentar custos, além de promover a recuperação e conservação do solo, são de grande importância para a melhoria das condições sócio-econômicas do produtor, promovendo também a sustentabilidade da propriedade.
Segundo Bernard Geier (1998), a melhor definição de sustentabilidade foi descrito por Lady Eve Balfour: "os critérios para uma agricultura orgânica podem ser resumidos numa palavra: permanência, o que significa a adoção de técnicas que mantenham a fertilidade do solo indefinidamente, que utilize quanto possível apenas recursos renováveis, que não polua o meio ambiente e que estimule a energia vital (ou atividade biológica) no solo através dos ciclos das cadeias alimentares envolvidas no sistema".
Recomendações da pesquisa
A recomendação de qualquer tecnologia deve ser baseada em pesquisa. Para o caso da adubação orgânica, tempo é fator primordial. Assim, para recomendá-la são necessários experimentos de longa duração, que poucos pesquisadores têm oportunidade de realizar, e, além disso, poucas são as instituições interessadas no assunto.
No Programa Milho do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa, há um projeto de pesquisa, atualmente financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais, que se encontra instalado no campo há 15 anos e consiste na aplicação de adubações orgânica, mineral e organo-mineral contínuas em cultivos de milho exclusivo e consorciado com feijão.
A quantidade de composto orgânico (matéria seca) aplicada a 10 a 15 t /ha/ano. Para a adubação mineral utiliza-se, na maior dose, 500 kg/ha da fórmula 4-14-8 mais 60 kg de nitrogênio/ha em cobertura. Nas áreas que recebem somente composto orgânico não são realizadas adubações de cobertura com nitrogênio.
O composto orgânico é obtido pela combinação de esterco bovino e restos de palhadas, tais como, palha de feijão, palha de trigo, capim seco e palha de milho. A meda de compostagem é construída conforme metodogia tradicional, ou seja, com três revolvimentos e atingindo a maturação, em média, após 90 dias da confecção.
Nestes 14 anos de experimentação (1984 a 1998), avaliaram-se a produtividade do milho e, periodicamente, também foram avaliadas as características físicas e químicas do solo, além da incidência de pragas e seus inimigos naturais.
Resultados do programa
A produção do milho cresceu com a aplicação tanto de composto orgânico quanto da adubação mineral. A adubação orgânica forneceu quantidades de nutrientes suficientes para incrementar a produção, inclusive no primeiro ano de aplicação.
Verificou-se, também, que a utilização de composto manteve produtividades estáveis e acima dos 5000 kg/ha em vários anos agrícolas, a partir do 4º ano de aplicação anual. Vale ressaltar que esta produtividade representa quase 3 vezes à obtida pelos produtores da região onde está inserida a Universidade.
Dados recentes de produtividade, obtidos após o 12º ano, registram produtividade do milho de 6500 kg/ha com o uso isolado de composto orgânico enquanto, com o uso da maior dose de adubo químico, a produção não passou dos 4900 kg/ha. No 13º ano os resultados obtidos revelaram uma diferença maior de produção do milho adubado organicamente, que produziu 1800 kg/ha a mais em relação aquele adubado com 500 kg de 4-14-8 + 300 kg de sulfato de amônio/ha.
No ano agrícola 1997/98, ou seja, 13 anos após a aplicação contínua de composto orgânico, a produção de 7200 kg/ha de milho representa 4 vezes a produtividade média obtida pelos pequenos produtores da Zona da Mata de Minas Gerais.
A aplicação de composto orgânico no sulco de plantio promoveu melhorias na fertilidade do solo e proporcionou melhor condicionamento do solo, reduzindo danos às propriedades físicas.
Aumento de nutrientes
Com a aplicação de composto orgânico, os teores de fósforo no solo elevaram-se em até quatro vezes; os de potássio em 2,5 vezes.
Os teores de cálcio e magnésio e o pH do solo mantiveram-se em níveis apropriados à cultura. Estes resultados mostram a capacidade do composto em melhorar a fertilidade do solo ao longo dos anos, contribuindo para a sustentabilidade da produção.
Vale a pena ressaltar que estes ganhos na fertilidade do solo foram obtidos com aplicações anuais de 40 m3/ha, ou seja, 10 a 15 t/ha de composto orgânico, confirmando que aplicações de baixas dosagens de composto orgânico em intervalos mais curtos é mais racional e de alta eficiência do que altas dosagens em intervalos longos. Estes resultados tornam-se muito importantes, pois a maioria dos trabalhos realizados com adubação orgânica na cultura do milho utilizam doses elevadas, tornando o seu uso restrito no sistema de produção.
Trabalhos recentes desenvolvidos na UFV e utilizando o mesmo experimento revelam que a aplicação contínua de composto orgânico permitiu efeito residual, contribuindo para o fornecimento de nitrogênio para o milho. O uso contínuo da adubação mineral, mesmo suprindo até 780 kg de N/ha em 13 cultivos, não atingiu a biodisponibilidade residual de N atingida pelo tratamento que recebeu apenas composto orgânico. Isto indica que o efeito residual do composto é elevado e persistente.
Avaliação de pragas
Com relação às avaliações de pragas e seus inimigos naturais realizadas em dois anos (1996 e 1997), constataram-se que tanto a adubação mineral quanto a orgânica favoreceram a ocorrência da maioria das pragas do milho. Ressalta-se que nas áreas adubadas com composto orgânico houve maior população do predador Doru luteipes (tesourinha) que é um eficiente inimigo natural da principal praga do milho, a lagarta-do-cartucho. Os trabalhos revelaram que a população do inimigo natural foi alta em toda a fase vegetativa do milho. Isto tem proporcionado controle bastante satisfatório da lagarta-do-cartucho, mantendo-a abaixo do nível de dano econômico, evitando a aplicação de defensivos na área.
Perspectivas futuras
No cenário de agricultura sustentável as diversas áreas da ciência precisam ser redirecionadas e algumas modificações nas metodologias são necessárias para atuar no cenário da agricultura sustentável. Várias modificações, entre as quais, práticas culturais que melhor respeitem o agroecossistema e variedades com maior tolerância às condições extremas de clima; maior eficiência na absorção de nutrientes; maior resistência a doenças e pragas entre outras.
Os objetivos dos trabalhos de longa duração com adubação orgânica envolvem, além das avaliações de produtividade do milho, o desenvolvimento de cultivares de milho para a agricultura sustentável. Assim, numa das linhas de pesquisa pertencente ao Programa Milho da UFV, tem sido dada prioridade à obtenção de cultivares de polinização aberta e híbridos duplos que sejam eficientes no uso de nutrientes, principalmente o nitrogênio, tolerantes à seca, estáveis quanto à produção, resistentes às principais doenças e aos insetos e adaptáveis ao consórcio com feijão. Desta forma, diferentes materiais genéticos de milho têm sido selecionados e avaliados em diversos ensaios, inclusive com adubação orgânica, em diferentes condições ambientais. O programa de melhoramento tem sido realizado de forma contínua e progressiva obtendo ganhos constantes. Este programa de melhoramento tem-se colocado como uma alternativa ao modelo de desenvolvimento proposto pelas empresas multinacionais.

Adubação orgânica

É a melhor forma de fornecer N na fase do plantio, principalmente, quando se utiliza mudas convencionais, pois as perdas são mínimas; além disso, estimula o desenvolvimento das raízes. Assim, devem ser usados 10 a 15 litros de esterco bovino de curral por cova ou 3 a 5 litros de esterco de galinha ou 2 a 3 litros de torta de mamona ou similar. Vale lembrar que o esterco deve estar bem curtido para ser utilizado. A cobertura do solo com resíduos vegetais, oriundos da própria bananeira (folhas e pseudocaules), é uma das principais alternativas existentes para que o bananicultor promova adição de matéria orgânica no sistema produtivo dessa cultura. Essa prática contribui para o aumento nos teores de nutrientes, principalmente K, Mg, N e Ca e para melhorias expressivas nas propriedades físicas e microbiológicas do solo.

tipos de adubaçao organica

Existem 3 tipos de materiais disponíveis para aumentar a produção e a produtividade das plantações:
• os fertilizantes;
• os corretivos;
• os melhoradores ou condicionadores do solo.
• diminui a "fixação" de fósforo;
Os fertilizantes (adubos inorgânicos ou minerais), têm a função de alimentar as plantas, através de suas raízes, para as quais eles fornecem elementos nutritivos (nutrientes), sob formas assimiladas com mais facilidade e guardando determinadas proporções entre esses elementos, ou seja, misturas balanceadas.
Os corretivos são destinados a neutralizar o excesso de acidez do solo, quando e se necessário. Quando, porém, juntamos ao solo, com esse objetivo, calcário calcítico, que contém carbonato de cálcio ou calcário dolomítico, no qual encontramos carbonato de cálcio e de magnésio estamos, também, incorporando a ele 2 elementos importantes para as plantas: o cálcio e o magnésio. Portanto, os corretivos são, ao mesmo tempo, corretivos e fertilizantes.
Queremos chamar a atenção para o fato de que o adubo orgânico exerce essas três funções: como fertilizante, como corretivo e como melhorador ou condicionador do solo. É um fertilizante, embora de baixa concentração, sendo necessário usá-lo em maiores quantidades, mas contém nitrogênio, cálcio, fósforo, potássio, magnésio e enxofre, além dos micronutrientes boro, cloro, cobre, ferro, manganês, molibdênio e zinco.
É um corretivo porque corrige a composição do solo, combinando-se com o manganês, o alumínio e o ferro, por exemplo, reduzindo ou neutralizando os efeitos tóxicos desses elementos, quando em excesso, sobre as plantas.
É um condicionador pela forma que age no solo, melhorando suas condições e propriedades físicas, facilitando o desenvolvimento e a alimentação das plantas. Portanto, pelo que acabamos de expor, concluímos que o adubo orgânico pode, perfeitamente, substituir os adubos minerais, bastando que ele seja empregado em doses mais elevadas, por não ser concentrado nesses elementos. Parte das informações sobre adubação orgânica, foram obtidas de experiências realizadas pelo Departamento de Solos, Geologia e Fertilizantes da Escola Luiz de Queiroz, em convênio com a Prefeitura Municipal de São Paulo, sendo os trabalhos realizados em suas usinas de produção de composto obtido de lixo domiciliar.